segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

O Acaso que me levou até "A Separação" de Asghar Farhadi




Escutei por estes dias que não existe coincidência, o acaso e sim um combinado do nosso subconsciente algo por aí, quem disse isto foi minha mãe, segundo seus 12 anos de análise que segundo Froid, pai da psicanalise, defendia esta ideia, em fim tudo isto para mais uma vez ilustrar meus eternos atrasos, realmente, atrasos meus já são mais do que uma característica ou melhor um defeito de minha personalidade, deve estar no meu inconsciente, pavor da espera, ser abandonada, ser esquecida que reflete em não admitir nenhuma espera e com isto chego atrasada em todos os meus compromissos sendo estes dos mais agradáveis como assistir a um filme que eu combinei comigo mesma sem ninguém está a minha espera, inacreditável!

Eram 15 minutos para as 17:40h, o horário do filme, eu estava ao lado do cinema e consegui me atrasar, distraída com pequenas bobagens femininas:  leia-se futilidades como maquiagem e com isto perdi o horário do filme tão esperado que era ver "A pele que habito" de pedro Almodôvar. Que prometi aqui mesmo no blog que vou assistir e reforço a promessa desta semana Pré Carnaval não deixo de assistir! Sairei com mais tempo para poder ter tempo das distrações momentâneas e ainda assim conseguir chegar finalmente a tempo do filme tão desejado.
Mas com todo este contra tempo que eu mesma criei, acabei encontrando uma amiga e fomos assistir um ótimo "acaso" o filme iraniano "A Separação" do roteirista, produtor e diretor Asghar Farhadi, vencedor do Globo de Ouro de melhor filme estrangeiro e vencedor do Urso de Ouro em Berlin  por melhor filme e mais elenco feminino e masculino e ainda é indicado ao Oscar de melhor filme estrangeiro.
O  filme todo gira em torno de uma pequena situação que vai num crescente desenrolar de sucessão de erros onde a religião e os costumes imperam e gritam o tempo todo permeando a vida dos personagens desta cultura que é tão diferente da nossa mas que ao mesmo tempo com situações que podem ocorrer a qualquer um, o que mais me chamou a atenção foi observar como a religião está tão impregnada em nossas vidas, nossas histórias, nossa cultura sem nos dar conta, como ela permeia nossas decisões, constróiem juntos o caráter, a compressão de moral e ética, que por mais que o Estado interfira, ela a religião é um grande mentor das regras culturais e internas e com isto no filme retrata uma determinada personagem feita magistralmente por uma atriz no papel da empregada da casa em que ocorre toda a questão em volta da Separação do casal que a contrata, com discussões de: partidas, decisões de quem vai de quem fica no país com a filha de onze anos e ainda assim a apesar destas escolhas e divisões o filme fala de outras separações, de perdas que colocam a vida de todos os núcleos familiares envolvidos em uma rede que estão todos de alguma forma interligados pela cultura, religião e seu dogmas, aceitando, acatando ou negando a ela mas que de alguma forma estão todos envolvidos, enredados, amarrados a ela; e isto me fez pensar nas minhas próprias crenças religiosas e que inegavelmente elas de alguma forma regem nossas vidas, mesmo aos que são ateus, estão indo contra ou seja também estão envolvidos, negando, discutindo, evitando, nunca indiferentes, a religião ela faz parte da cultura de um país, da formação de um povo e com isto de nossa formação, nossa educação, nosso caráter.
Não cheguei a tempo de ver Almodôvar mas cheguei com muito tempo para o "acaso" para o encontro com este filme maravilhoso e logo após uma ótimo fim do dia com direito a um lanchinho e bate papo com uma amiga e assim, é sempre a vida, feita de acasos do subconsciente que esta sempre trabalhando a favor ou contra a nós mesmo, isto só depende de nós!