terça-feira, 23 de agosto de 2011

Chuvas de Verão - Caetano Veloso



O imagem deste vídeo é só um detalhe, o samba-canção "Chuvas de Verão" de Fernando Lobo, regravado por Caetano Veloso, é que lindo. Como neste momento estou em pesquisa para o meu próximo trabalho, essa música ou melhor esta trilha, inspirou e se faz fundamental para a minha criação. E hoje sentada no café do Oi Futuro em Ipanema, enquanto fazia hora para o meu trabalho de ler e escrever para uma senhora escritora de 92 anos, li uma entrevista do diretor Felipe Hirsch na revista Bravo que se encontrava alí disponível, a seguinte declaração dele: _" Acho que, sem a música, eu não seria nada eu só descanso do compromisso de viver quando ouço música."

Acredito que como muitos outros artistas utilizam-se da música para inspiração para seus trabalhos. Eu mesma, por exemplo, enquanto não acho a música que tem aquela imagem, pensamento ou sensação parece que a obra está sempre imcompleta.

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Edith Piaf Je Ne Regrette Rien



Hoje, tomada pelas pesquisas para meu próximo trabalho com ensaio fotografico sobre fim de relacionamento, inspirado num conto de Tennnessee Williams.
Entre canções de amor, samba-canção, dor de cotovelo, fico com esta cena que é uma das mais belas interpretações do cinema, da atriz francesa Marion Cotillard, num trabalho que lhe rendeu o Oscar e vários outros prêmios como melhor atriz em 2007 pelo filme, "Piaf - Hino ao Amor" (La Môme) do diretor Olivier Dahan.
Cantores como Dalva de Oliveira, Angela Maria, Dolores Duran, Lupicínio Rodrigues, Nina Simone entre outros na pequena pesquisa, atravessei o mar e fui me inspirar nesta bela canção de Edith Piaf, que como estes cantores, cantou e falou de amor com toda a dor que ele pode provocar e essa canção me transborda as ideias, as lembranças, as dores e os amores vividos. Non, Je Ne Regrette Rien!

domingo, 21 de agosto de 2011

Tio Vânia do Grupo Galpão e do Inverno Glacial de Munique



Há tempos que não venho aqui deixar minhas lembranças, impressões sobre algo ou uma imagem que me salta aos olhos pela estética ou pela beleza que pode representar ou melhor ainda acionar algo dentro de mim.
Hoje, venho falar da companhia mineira, o "Grupo Galpão", que sempre tive o desejo de assitir, já vi algumas fotos de trabalhos memoráveis como a "Ópera do Malandro" de Chico Buarque ou ainda de um trabalho antigo que era uma peça construída através de cartas de pessoas que contavam suas histórias. 
E finalmente, semana passada no teatro Ginástico do Rio de Janeiro, fui assistir a companhia e ainda conhecer este antigo teatro da cidade, com isso: reparar dois erros, de conhecer tardiamente um teatro tão importante assim como conhecer  de perto o trabalho do Grupo Galpão, que estar em cartaz até dia 28 de agosto no Rio com a peça, "Tio Vânia" de Anton Tchékhov.
A peça é ambientada na Rússia do inicio do século passado, ainda quando as famílias tinham uma relação próxima de retirar seu sustento da terra onde viviam, com este plano de fundo, a família do personagem título da peça, narra as angustias, dores e melancolias pelas coisas não vividas. A peça é um clássico da dramaturgia ocidental e Tchékhov  foi um dos grandes autores de teatro, é impossível não se emocionar com aqueles personagens, que são atemporais. "Tio Vânia", narra a historia de pessoas que querem sair de onde vivem, da situação que não suportam mais, mas que por dificuldades de romper com as tradições e com seus hábitos, sentem  impossibilitados de  realizar seus verdadeiros desejos reprimidos, sejam viver um grande amor, uma profissão, um lugar, um sonho.  Assim, somos um pouco, todos nós, em situações nas quais muitas vezes deixamos de realizar nossos desejos por nos sentirmos fracos em encarar os obstáculos da vida.

A direção da peça, utilizou de movimentação até interessantes que através de um cenário simples com um jogo de módulos circulares com rodinhas que representavam pedaços de paredes com livros e relógios presos nelas. Módulos estes, que davam movimento as mudanças de cena. O figurino, realista e um equívoco, pois apesar da tentativa de reconstrução de época, não representou bem os papeis. Mas ainda assim fazia um contra ponto com o cenário que era  menos naturalista com o detalhe de que além de fragmentado por blocos tinha uma pequena árvore seca, plantada na mesa de jantar no qual muitas das cenas passam neste ambiente, a tal árvore seca, assim como as horas nos vários relógios, evidenciam o tempo, as horas que passavam lentamente, se arrastando, virando um fardo e que apesar do tempo que passa não muda aquela família, que com a chegada do casal, cunhada de Vânia, que provoca nele, pertubações aos seus eternos desejos reprimidos assim como a presença do médico da familia que também atiça os desejos sufocados da sobrinha de Vânia, que tambem deixou de realizar-se em prol de cuidar da terra, da casa e da familia.
Muitas vezes, me emocionei com cada palavra dita do texto de Tio Vânia, as falas são ímpar, como uma delas que ainda lembro bem, _"Se não puder confiar em ninguem, a vida torna-se insuportável".

Há muitos anos atrás, assisti em alemão na cidade de Munique, esta mesma peça,  numa versão bem moderna e ousada estéticamente no qual a direção optou em trazer para a contemporaneadade,  o cenário, lembro-me bem, era todo branco e minimalista  para representar o inverno glacial dos personagens.  Na época, infelizmente não pude entender o que falavam os atores, fazia um esforço enorme para manter-me acordada até o fim da apresentação para mesmo sem comprender o que era dito, captar as ações, quase impossível, Tchékhov, é a palavra, é o não dito atraves do que é dito, ações ocorrem entre uma palavra e outra, mas sempre recordarei daquela primeira experiencia moderna e mais do que arrojada em tentar entender em alemão o que diziam. E foi assim, que correram os meus dias, semanas de estadia em Munique, tentando comprender o que todos diziam, fazendo sempre um esforço enorme para manter-me enérgica e acordada apesar do outono e iníco de inverno que vive nos quase três meses de hospedagem.
Tentei mudar naquela época meu então futuro que agora já é um passado bem longínquo, mas assim como em Tchékhov não foi possível, meu amor não foi corajoso suficiente ou forte suficiente para encarar comigo tantas mudanças que precisavam vir para sustentar aquele amor urgente, delicado e duradouro dentro de mim até hoje como em um clássico de Tchékhov.

A peça gostei, porém a direção poderia mexer mais comigo além de cada palavra dita, pois sempre soube que o grupo tem como marca ser vanguarda e experimental, as poucas vezes mais ousadas, foram vôos pequenos, mais ainda assim  foi delicado e teatral, foi realmente uma peça de teatro, algo que há tempos não assisitia.